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sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A lacuna da empatia

Quando somos adolescentes e tantos as hormonas como as ideias estão baralhadas é normal termos um défice de empatia. Não em questões fundamentais, como o sofrimento flagrante, mas perante os problemas e dificuldades dos outros. Achamos que as nossas batalhas são, não só mais importantes, como mais válidas de consideração do que as de qualquer outro ser humano. E é normal. 
O problema é que crescemos, mas a empatia em muitas pessoas não cresce, não se desenvolve. Depois de adulta, tornei-me não só uma pessoa muito mais tolerante como empática com as dificuldades dos outros. 
O chavão “coloca-te no lugar dele” é algo que realmente faço. É muito fácil julgar alguém pela minha história e pelos meus conhecimentos, no entanto, cada pessoa é uma história e um mundo diferente. As batalhas, desafios e entraves que cada um de nós atravessa são muito pessoais e sermos julgados livremente não é apenas injusto mas também maldoso. 
Isto acontece com todos em algum momento da vida. A última situação que me lembro de ser vítima desta falta de empatia foi pouco tempo depois de perder a minha mãe. Como é normal, aqueles meses seguintes foram os piores que já vivo. Não tinha vontade de nada, logo andei uns meses em versão “esfarrapada”. Sem maquilhagem, sem arranjar o cabelo e com a roupa mais sem graça que tinha no armário. As poucas vezes que tinha de sair de casa não fazia questão de me arranjar e o único acessório que usava eram os maiores óculos de sol que tenho. Ora isto não é normal em mim mas dadas as circunstâncias era mais do que justificado.
Num destes dias em que tive de sair de casa, uma das minhas arqui inimigas da adolescência, que já tem idade para ultrapassar qualquer problema que podíamos ter tido na altura, ao ver-me tão distinta do meu normal teve a reacção lógica na cabeça de uma miúda de 13 anos. Menosprezar.
A verdade é que ela não sabia o que tinha acontecido, no entanto não invalida o facto do primeiro instinto que teve foi gozar e coscuvelhar sobre a minha aparência. 
Posso afirmar que não me magoou. Tinha problemas muito mais sérios para um comentário impensado fazer estrago, no entanto não posso deixar de ficar triste, não com ela, mas por ela. A falta de empatia que demonstrou numa situação tão básica demonstra uma lacuna de carácter flagrante. O mais triste é que existem milhares de pessoas iguais. Que não fazem o mínimo esforço para equacionar o que o outro está a passar antes de o menosprezar e banalizar. 

O mundo já é um lugar tão difícil que se não tivermos o coração, e a cabeça, um pouco mais receptivos torna-se muito complicado viver com qualidade. Precisamos de entender de uma vez por todas que somos iguais mais muito diferentes e antes de criticarmos devemos tentar perceber, mesmo que seja mais complicado. A empatia faz falta, vamos  cultivá-la. 




quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Como um abraço mudou a minha vida

Desde que nasci tive as demonstrações de afecto como um dado adquirido. Na minha família damos beijos, abraços, dizemos que nos amamos numa base diária. É impensável para mim coisas como terminar o telefonema da noite com o meu pai sem dizer que o amo ou sair de casa sem dar um beijinho ao Eddie. Fui educada a dar beijnhos aos meus avós e tios a cada vez que chegava à casa deles assim como os meus primos, sejamos meninas ou meninos. Os meus sobrinhos e primos mais novos dão beijos de boa noite antes de ir para a cama e tratarmo-nos por nomes carinhosos é a regra. 
Por isso mesmo, até bastante tarde não dei o real valor a isso. 
Sempre tive vários amigos. Alguns com vivências semelhantes à minha, muitos com diferente. E foi uma dessas amigas que me ensinou que um abraço pode ser a uma arma muito poderosa.

Quando era miúda, as amigas andavam de braço dado. Nunca foi uma coisa que eu achasse particularmente piada, mas as minhas duas melhores amigas, que me acompanharam desde o infantário, achavam incrível. E se na maioria das vezes me esquivava deixando-as andar as duas de braço dado e eu solta e livre, por vezes era encurralada no meio das duas. 
Mas era moda, toda a gente andava assim e não havia mal nisso. 
Ora num dos meus anos de ciclo, não consigo precisar qual, tive uma colega com muitas carências. Motivada com um sentido de justiça que me acompanha até hoje, consegui que a escola a deixasse tomar banho todos os dias no balneário e com a ajuda da minha família comprei-lhe um pequeno guarda-roupa e produtos de higiene, conseguindo-lhe dar-lhe uma normalidade que entre adolescentes é desejada. 
Ela tinha uma história de vida difícil e nesta nossa cruzada para lhe dar aquilo que ela infelizmente não tinha, ficamos amigas. Era uma miúda incrível, um coração de ouro e merecia muito mais do que a ajuda que lhe estávamos a dar.
No final de um dia de aulas normal, que me lembro como se de hoje se tratasse, estávamos a sair da sala e eu dei-lhe o braço até à saída da escola. Quando vi os meus pais à minha espera dei-lhe um abraço e quando me começava a virar para ir embora ela começou a chorar. 
Fiquei muito aflita, porque até dois segundos atrás ela estava bem e quando a interroguei o que se passava ela disse uma frase que me atormenta até hoje " Tu nunca me tinhas abraçado nem dado o braço. Eu já não me lembro a última vez que alguém me deu um abraço.". 
E este é um daqueles momentos que muda a nossa vida.

Algo tão simples como abraçar alguém que nos é querido pode fazer a diferença. A partir deste dia, deixei de banalizar o carinho que tinha da minha família e comecei a ser muito mais atenta às necessidades emocionais dos meus amigos. 
Porque um abraço, um "gosto de ti", uma carícia não custa nada mas aproxima as pessoas e fá-las mais felizes. Mais completas.
E eu, uma pessoa rodeada de amor, fui aprender esta lição com quem não tinha nenhum. 

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

O luto e o amarelo

Quando perdemos alguém muito próximo, além do luto inerente a essa perda à uma nova aprendizagem da vida, pois ela deixa de ser igual ao que sempre foi. Somos confrontados com novas realidades, desafios e somos abordados pelas mais variadas pessoas na procura de nos auxiliar nestes momentos tão crus e duros.

A morte é seguida pelo luto, que é um estado mental. Ponto. Mas habitualmente é transformado em regras e normas sociais que nos impõem ou nos auto impomos.

A cor favorita da minha mãe era o amarelo. Fazia-a feliz. E no momento de escolher a sua última roupa não duvidei um segundo. Nas celebrações fúnebres, os familiares mais imediatos foram vestidos de amarelo. 
E aqui começou o maldizer. 

Morbidez ou não, sempre foi uma conversa que tive com a minha mãe de como queríamos que fosse o nosso funeral. Era uma conversa que o meu pai e avó detestavam, mas que provou-se bastante útil na hora de decidir algo. Uma das coisas que a minha mãe sempre me disse e me influenciou uma vez que partilho da mesma opinião, é que a cor da minha roupa ou maquilhagem não reflectem de todo o sentimento que nutro por alguém. Ambas gostávamos de vestir preto, mas jamais por luto a alguém. O luto faz-se nas acções e não na roupa. Pelo menos foi assim que ela viveu a pensar e eu continuo a acreditar.
Por isso, o amarelo era a escolha lógica e absoluta. Aquele dia, um dos dias que ainda está tão baralhado na minha mente tal é a dureza das recordações, era para me "despedir" da minha mãe. E nada melhor do que usar a sua cor favorita.

Naqueles dias ninguém ousou dizer nada directamente, mas passados dias começaram os sussurros do uso do amarelo e como ninguém em casa usava o preto completo. Ninguém lhe fazia o luto.
Não me incomoda mas impressiona-me. 

Nunca tinha perdido ninguém que amasse verdadeiramente antes e a primeira pessoa que perdi foi uma das pessoas que mais amava. Arrancaram-me um pedaço da alma e as pessoas estavam preocupadas porque eu vestia jeans e t-shirt branca? Sério?
Acharam mal por usarmos amarelo e não nos vestimos todos de preto?

A hipocrisia sempre foi dos males que mais me perturbou mas quando se alinha com maldade fica algo indescritível. 
Aprendei nestes dias, mais uma vez, que nada que possamos fazer vai ser percebido e aceite por todos e assim, mais vale viver de acordo com o que acreditamos a viver uma vida miserável a seguirmos as regras dos outros. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Detesto pessoinhas!

E o que são pessoinhas, perguntam vocês. 
São aquele tipo de pessoas que se acham tão superiores, tão incríveis e maravilhosas que comparadas com o resto do mundo são o que há de melhor. São aquelas pessoas que menosprezam e tentam, tão fortemente, ridicularizar as outras que aos nossos olhos, pessoas normais e reais, essas pessoas com tão alto ego se tornam pessoas mais pequenas. Pessoinhas. 

Infelizmente, creio que todos já nos deparamos com alguns exemplos na nossa vida. Em qualquer lugar, a qualquer hora, há sempre aquela pessoa que tentam ser melhor, mas não da melhor maneira, não por obra do trabalho e esforço, mas simplesmente porque elas são mais bonitas, ou mais novas, ou mais ricas, ou mais magras ou melhor, porque têm o curso X e todos os outros são burros.
São detentoras de uma capacidade de insuportável de menosprezar qualquer qualidade que no fundo, as incomode.
São pessoas sedentas da fragilidade e insegurança das outraa. Alimentam-se disso. São pessoas vazias, que no fundo não passam de infelizes.

Lembro-me que há alguns meses no blog recebi um comentário que me fez confrontar pela primeira vez com uma pessoinha sem rosto. Vá, tinha rosto, mas que eu não conhecia de lado nenhum. E isso chocou-me. Como alguém que apenas me lê, e posso dizer que o blog é apenas recheado de alguns dos meus gostos, nem de longe nem de perto de tudo o que gosto e me interesso, conseguiu comentar tão desagradavelmente sem nenhum fundo de conhecimento.

São assim que essas pessoinhas se movem. Lançam o veneno e esperam pela "morte" da vitima, sentadas no seu trono de ignorância e mediocridade.

Já disse que detesto pessoinhas? 

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Pelo bom nome.

A casualidade com que, algumas pessoas usam palavrões, é algo que me fascina.
Sou sincera, eu uso alguns em algumas situações, sem peso na consciência.
A minha família materna é do Norte e todos sabemos como se usa cordialmente e até com alguma classe palavrões.
Sendo que muitas vezes não são usados sequer para ofender, acho que podem ser usados como uma descarga de adrenalina que nos alivia imenso. 

Agora o que eu não tolero mesmo são as pessoas que chamam nomes a filhos, maridos, país e por aí fora.
Expressões como "este cabrãozito" "esta putinha" este merdas", tiram-me do sério. 
Talvez por ser educada numa família onde isto jamais aconteceu, onde temos uma liberdade e confiança tão grande como o respeito um pelos outros, presenciar este tipo de manifestação é algo que me deixa perplexa.  

Já ouvi uma mãe chamar cabra à filha de 11 anos como se lhe tivesse a chamar princesa. Já ouvi uma irmã a referir-se ao irmão como cabrão, como se fosse o termo mais terno do mundo. 
A minha pergunta é, ninguém percebe que por muita banalidade que se use, termos pejorativo são sempre, sempre encarados como algo desagradável e marcante.

Acho que não se trata apenas de uma questão de educação, ou falta dela, mas sim do banalizar das palavras, que pode ser uma coisa boa.
Banalizar palavras pode tirar-lhes o seu poder, no entanto, no caso dos palavrões isso não acontece. Apenas aplicamos uma palavra, que mesmo descontextualizada, vais exercer, de alguma maneira, uma péssima energia na relação.

Melhor mesmo referirmo-nos pelos nomes que os nossos pais tão orgulhosamente escolheram. 

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Tão amigas que elas eram!

Ao longo dos anos tive várias amigas que hoje já não o são. Dentro dessas, houve duas grandes amigas, daquelas que ficariam para a vida, que devido a algumas situações, também já não o são.
Acho que são coisas que acontecem. As pessoas crescem, amadurecem e há algumas coisas que se perdem. Deixamos de nos identificar com algumas coisas, deixamos de ter interesses comuns. É normal. 

O que não acho normal é passarmos de amigas a inimigas mortais. 

Algumas dessas minhas amigas, atenção falo de amigas mesmo não de coleguinhas, não foram muito correctas comigo e eu não fui correcta com algumas.
Houve casos em que chegaram a tentar causar um mal maior na minha vida, com boatos e mentiras. Eu nunca me deixei levar nessas teias. Defendi-me quando o tive de fazer mas não guardo o mínimo rancor. 

Esta situação é demasiado comum. Meninas e mulheres que são amigas e que se chateiam e viram inimigas. Falam mal, tentam criar uma imagem distorcida da outra e renegam tudo o que passaram juntas.
Incomoda-me imenso

Chamei amigas àquelas pessoas um dia e não foi por acaso. Acho que a amizade é algo sério e demasiado importante para ser um rótulo em vão. 
Desentendimentos acontecem e por vezes perduram mas isso não nos dá o direito de menosprezarmos as vivências que tivemos juntas, os momentos que nos fizeram ser amigas um dia.
Por isso acho importante repensar a forma como nos posicionamos.
Eu decidi há muito tempo que não quero ser aquela menina ressabiada que fala mal e critica quem um dia amou. Sim, porque a amizade é das mais puras formas de amor.

Se a vida vos afastou de alguém, daquela amiga importante, não reajam com ódio. Fiquem contentes pelos momentos que passaram e mantenham apenas as coisas boas. 
Um dia, ao olhar para trás vão ser muito mais felizes a ver o bom daquela relação, do que chafurdarem no mal que vos fez e que vocês fizeram a alguém. 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Para os moralistas desta vida...

... Vão-se lixar.

Se há pessoas que eu não gosto são aqueles seres que apregoam os velhos costumes com o intuito de converter a população desmiolada que os rodeia.
Sou uma pessoa muito compreensiva e sensível com as crenças e costumes dos outros, desde que esses costumes não tentem vergar os meus.

Aqui, neste mundo fantástico da era digital, infelizmente está a acontecer um evento assustador, A quantidade de moralistas aumenta a casa minuto.
Porque convenhamos, é muito mais fácil ser moralista aqui do que no mundo real, onde as pessoas nos conhecem e podem jogar-nos o moralismo na cara. 
Pessoas que criticam, julgam e destilam preconceitos, sobre assuntos e pessoas que não conhecem, como se fossem donos da verdade deixa-me perplexa.
Toda a gente tem opinião e vivo com o pressuposto que cada opinião é válida, mas de dia para dia venho ponderando esta minha posição.

Eu nunca, jamais, usei o teclado do meu computador para julgar e tentar humilhar alguém, mesmo estando protegida por este mundo virtual. Isto apenas porque não sou assim e não consigo perceber o que move um ser a sê-lo.

Numa rápida visita a alguns blogues mais conhecidos e sites de noticias, a quantidade de comentários maliciosos destes donos da verdade, moralistas de bairro é assustador. E este é um evento global. Acontece no mais pequeno meio ate à maior cidade. Estes pequenos seres, aramados com os seus preconceitos e vivências perfeitas, atacam sem piedade as pessoas de verdade deste mundo.

A minha pergunta é, meus queridos chicos espertos, como dormem de noite?