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quinta-feira, 10 de novembro de 2016

A realidade nem sempre é bonita.

Falei mais de politica nas ultimas 24h do que nos últimos três meses. Afinal sou formada nisso, tenho amigos formados nisso e a actualidade politica é propensa às mais diversas teorias e análises.
Mas o que quero falar hoje não é da politica propriamente, das implicações que podem, e vão surgir desta vitória de Donald Trump.

Como é lógico, muitas das barbaridades que o senhor foi dizendo durante a campanha são impraticáveis. Não vai haver muro, não vai bloquear a China, não vai haver guerras nucleares.
Mas vai haver desgraça e um retrocesso civilizacional. Disso tenho certeza.

A questão fulcral para mim é esta, como em oito anos, passamos da eleição de Barack Obama para a eleição de Donald Trump? 
Barack Obama representa um mundo melhor. Mais justo, mais nobre, como mais e semelhantes oportunidades para todos.
Donald Trump significa o oposto. Representa a misoginia branca. Representa os valores que durante gerações lutamos para vencer. Representa o ódio e a ignorância que veste um manto de milhões de dólares. Representa tudo o que queria acreditar que marchávamos para vencer. 

Começando por uma adversária fraca, contudo indubitavelmente melhor, mas não representativa. Uma adversária com um discurso bem construído e bem preparado, mas que não chega a todos.
Uma adversária que não conseguiu chegar a uma grande fatia da população que Donald conseguiu chegar muito facilmente. Os milhões de pessoas que afectadas pela ressecção de 2008, perderam capital e posição e encontram nos diferentes o bode expiatório que necessitam. 
Na minha opinião isto foi o que decidiu no final.

O poder e o dinheiro mudam o mundo. Compram ideias e ideáis e mudam mentalidades.
Ao assegurar uma recuperação económica e uma manifesta intenção de erradicar pesos mortos da sociedade, mesmo que não o sejam na realidade, Donald Trump chegou onde queria chegar. Ao bolso dos americanos, onde se decide o voto.

A minha preocupação real não é tanto o que aconteceu ontem, por horrível que seja, mas o que pode acontecer. 
No próximo ano algumas das mais poderosas nações da Europa vão a votos e estes resultados podem voltar a acontecer. Abalada por uma crise de dimensões catastróficas, a Europa pode repetir resultados grotescos e mais uma vez, o caminho do mundo ser entregue a pessoas que no fundo não nos representam mas que no momento certo disseram o que queríamos ouvir.

É assustador. É assombroso mas pode acontecer.

Quanto a Trump, bem há muito a dizer. Mas para mim o essencial é alertar todos aqueles que por ele foram atacados e humilhados durante toda a campanha, e a sua vazia vida, que se unam e continuem a lutar. Hoje mais do que nunca. 
Por o mundo é e será sempre, um reflexo daquilo que somos.