Estamos no final do primeiro mês do ano mas já há tanto para falar e comentar. Alguns assuntos secundários e outros, muito mais sérios, estruturais.
Nestes últimos dias, tenho lido e ouvido muitos diálogos que se sustentam nas dicotomias do"Nós" versus o "Eles".
É um discurso que me enrijece, transtorna. É um discurso para o qual não estou formatada a aceitar. Mas é um discurso comum, partilhado e sobretudo enraizado na nossa sociedade.
Tudo isto começou no episódio no bairro da Jamaica. Sem conseguir apontar dedos e culpas, todo o quadro em torno do episódio em si é assombroso.
Nunca serei uma das pessoas que vai apontar o dedo à lei e aos seus agentes. Mas serei uma das primeiras a dizer que vivemos numa sociedade a duas velocidades ou melhor, a duas cores.
Não sei se o episódio no bairro da Jamaica foi racismo, sei sim que todo o diálogo a seguir foi um exemplo claro daquilo que vivemos e pensamos escondido nas nossas casas.
Eu e o Eddie não somos da mesma cor. Eu sou uma tom amarelo transparente e ele um caramelo brilhante. Estamos juntos à 11 anos e só me apercebi do racismo real quando comecei a namorar com ele.
Nestes 11 anos vivemos as mais inacreditáveis histórias no que diz respeito ao racismo latente na nossa sociedade. Em todos estes anos, já ouvi o diálogo onde o "nós" me inclui e o "eles" o inclui e vice-versa.
Há uma clara separação onde as pessoas me colocam e o colocam a ele. Não apenas por eu ser mulher e ele homem, uma conversa para outra e todas as alturas, mas porque a minha pele não é da mesma cor que a dele.
Não vale a pena tentar amenizar a questão, tão pouco o quero fazer. Já me perguntaram como conseguia namorar com um preto e isto resume tudo.
Vivemos numa sociedade muito pequenina em princípios mas enorme em preconceitos que se elevam nestas alturas. Há tanto a fazer mas tão pouca vontade.
Assim continuamos a falar em picos de popularidade do tema, para não perdermos a onda, mas continuamente a menosprezar a verdade. Somos racistas.
Somos racistas. Repitam comigo. Somos racistas.
Depois de assumir é mais fácil evoluir. Continua à espera desse dia.
Sinceramente não me considero racista.
ResponderExcluirMas há racismo, infelizmente, de ambas as partes. Não é coisa só dos "brancos".
Ninguém se aceita. E nem é preciso falar da cor, que é mais flagrante, digamos assim.
Princípios, crenças, etc...
Beijocas
Concordo com a Cláudia e acho que começa a ser mais dos de cor do que propriamente dos brancos. Se calhar já vêm na defensiva, não sei. A verdade é que há muita falta de respeito, de todos os seres humanos, independentemente da cor. Eu já sofri alguns preconceitos por ser mulher, por exemplo. Acho que a sociedade está a regredir...
ResponderExcluirSinceramente este é um assunto que não consigo entender, não consigo entender o que ganham em fazer estas diferenças. Diferenças estas que não existem. Para que tanta coisa...
ResponderExcluir