quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A hipocrisia do mundo #4

Em conversa com umas amigas veio à tona a carta de condução. No meu grupo de amigas, somos apenas duas que não a têm, todas as restante já tem carta há vários anos.
Ora no meio da conversa uma delas diz-me esta bela frase:
- Como é possível ainda não teres carta? É uma necessidade básica. Nem pareces uma mulher moderna. 

Ora bem meus amigos, não vou reproduzir a minha resposta mas posso afirmar que ela desejou estar calada. Tudo por três questões básicas.

- Essa minha amiga não sabe nem um ovo cozinhar e comer, para mim, é uma necessidade básica. Na minha opinião, não precisamos todos de ser maravilhosos chefes de cozinha, mas acho essencial que possamos, pelo menos, fazer o mínimo para nos alimentarmos saudavelmente. 
Não creio que tenha as prioridades trocadas, mas ninguém morre por não ter carta, mas morremos se não comermos, por exemplo.
E o argumento que podemos pagar para comer não vale. Eu também posso pagar para ir a qualquer lado, a qualquer hora.

- Por sorte, não foi por falta de possibilidades que nunca tirei carta, foi escolha. Mas podia ter sido. Eu podia nunca te tido posses que me permitissem pagar algo como a carta de condução. 
Alguém assumir que temos de ter a carta, no matter what, e aqui a minha amiga é um elemento meramente ilustrativo, é além de desinformado, muito alheio da realidade. Acho extremamente rude que assumamos as opções da vida das outras pessoas levianamente. 
E é bom salientar, nunca conhecemos ninguém completamente, nem aquilo que o move. 

- Ser uma mulher moderna. Aqui sim fez-me rir. 
Mas que raio é isso de ser uma mulher moderna? É simplesmente fazer aquilo que os homens anteriormente faziam e está bom? 
A carta de condução, beber cerveja e fumar, jamais vão fazer de alguém moderno, seja homem ou mulher.
Para mim ser uma mulher moderna é assumir aquilo que sou sem nenhuma relutância ou vergonha. É encarar o futuro, seja de carro ou a pé, consciente que sou capaz de tudo a que me propuser, dignificando sempre a minha condição de mulher. Isso é modernidade. 

Desabafei!

10 comentários:

  1. Conheço uma pessoa assim igual à tua amiga ! Quando se pensa tão básico saem coisas assim !!! Concordo com o que disseste no post ;)
    O mal das pessoas em por rótulos nas coisas e no que se faz ou não ! Enfim !

    E lembra te "entra a cem, sai a duzentos" . Beijinhos

    elisaumarapariganormal.blogspot.com

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  2. Podia tirar a carta, mas prefiro arranjar primeiro um emprego antes de fazer um assalto à minha conta bancária. O comentário da tua amiga foi bastante infeliz, desde quando é saber conduzir uma necessidade básica? Ainda por cima dizes que ela nem sabe cozinhar! haha. Sei que é tua amiga mas... Meu Deus. Gostei bastante da tua conclusão sobre a definição de "mulher moderna", não podia estar mais de acordo :)

    Ricardo, The Ghostly Walker.

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  3. Eu tenho 25 anos e também não tenho carta. Se alguém me vier dizer que por isso não sou uma mulher moderna vai levar com uma grande gargalhada na sua cara.

    Venus In Fleurs
    Giveaway - The Porefessional by Benefit

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  4. Eu tirei a carta cedo, por necessidade. Mas acho que cada um faz o que quer e ninguém tem que julgar ninguém por isso...

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  5. Também não sou da opinião que a carta de condução é uma prioridade. Eu por exemplo tirei aos 20 anos e raramente conduzi nestes últimos 11 anos. Há coisas mais importantes! Tudo depende da necessidade.

    Beijinhos.
    http://checkout-fashion.blogspot.com/

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  6. Que comentário péssimo mesmo! Aposto que no segundo a seguir se arrependeu logo de o fazer ahah.
    beijinhos
    The Fancy Cats

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  7. Parece-me que partilhamos mais coisas para além do nome :)
    Não tenho a carta de condução por escolha e porque gosto, genuinamente, de me deslocar de transportes públicos. E sobretudo porque acho parva a ideia de que aos 18 anos temos que ir todos a correr tirar a carta. Também ouço comentários idiotas, mas adorooo responder torto =P

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  8. Eu só tirei a carta depois de sair da faculdade e nem imaginas a quantidade de vezes que as minhas colegas me chatearam a cabeça porque eu não ia tirar a carta. Na altura dizia-lhes que nunca iria gostar de conduzir e que não valia a pena estar a deitar dinheiro ao lixo. Uns meses depois de sair da faculdade e quando comecei a ir a entrevistas de trabalho torciam o nariz porque era de "longe" e não tinha carta. Aí vi-me obrigada a ir tirá-la. Tirei-a (e afinal até gosto de conduzir) mas não me senti diferente depois disso. Não fui a correr comprar um carro como toda a gente faz porque o meu namorado já tinha o dele e como já estávamos quase a ir morar juntos depois não íamos ter dinheiro para sustentar dois carros. Se gostava de ter tirado a carta mais cedo? Nem por isso. Tirei na altura certa, quando me senti confiante e quando achei que iria realmente usá-la. Ter a carta de condução não é sinónimo de nada. Na pior das hipóteses é sinónimo de conforto para não estares condicionada pelos horários dos transportes ou se fores fazer grandes compras. Mas de resto andar a pé/transportes públicos é bem melhor. É só pensar na hora de estacionar em cidades apinhadas de carros...

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  9. A questão de ser uma necessidade vai depender certamente do local onde vivemos: no local da casa dos meus pais eu tinha 3 autocarros em 24h. Ora, se para ir para a escola e vir da mesma até dava, o mesmo não podia dizer de um local de trabalho (por causa dos horários). Cheguei a viver em casa de uma tia porque simplesmente não tinha como estar às 7h no meu local de trabalho porque os transportes publicos só me levavam lá às 8.30h...
    Mais tarde, já a viver com o meu namorado, a trabalhar e a estudar, não havia meios de transporte às 23h para casa (já para não falar da segurança).

    Eu tirei a carta aos 18/19 anos porque para mim era essencial, um investimento essencial. E conheço muitos empregadores que nem sequer consideram os curriculae de quem não tem carta.
    Para mim, está ao nível de me saber alimentar/cozinhar pois sem a carta não tenho trabalho e sem trabalho não há dinheiro para comprar a comida.

    Mas se vivesse num local com metro à porta de casa e 1001 transportes publicos também não a tirava tão cedo certamente e muito menos gastaria uma fortuna num carro novo (aliás nunca gastei, apesar de precisar de um carro preferi um investimento mais barato e sem empréstimos).

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    1. Percebo completamente quem tem necessidade de a ter, no entanto, apenas quero que o mesmo nível de compreensão seja dado a quem escolheu não ter. Cada caso é diferente, provavelmente há coisas indispensáveis para mim que para muitos é completamente acessório.

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