terça-feira, 14 de julho de 2015

A hipocrisia do mundo #2

Tu não podes ser feliz se não fazes algo que para nós não seja importante. 

Esta é a premissa da sociedade e aquela que somos levados desde pequenos a acreditar. Temos de nascer e bom, bom era falarmos antes de fazermos um ano. Aos três é recomendável falarmos pelo menos dois idiomas e sabermos contar até 10000. Todo o percurso acadêmico tem de ser brilhante e antes dos 30 ser diretor de qualquer coisa. A carreira profissional é o mais importante na vida, mas não pode ser uma carreira qualquer. Não, temos de frequentar 101 cursos e cursinhos, viver para o trabalho e ter família e importar-se com ela, coisa de pessoas acéfalas.
Tudo isto é um pouco exagerado, mas na realidade as coisas são bem parecidas.
Hoje em dia não podemos desempenhar tarefas menores, porque a sociedade nos classifica logo como pessoas menores. E isto de ser menor tem muito a ser discutido. Apenas porque varro a rua ou servi as mesas sou uma pessoa menor? Ou porque não fui para a faculdade? Ou porque sou dona/o de casa?

A verdade é que a sociedade nos impõem padrões e nós impomos uns aos outros. Uma mãe, ou pai, que fique em casa a cuidar da educação dos filhos é sem dúvida um desperdício.
Cuidar, educar, ensinar as futuras gerações? Dar a atenção que todas as crianças precisam, para quê?  No caso das mulheres é mais complicado ainda. Tantos anos a lutar pelos nossos direitos para agora ficarem em casa de livre vontade? Ultraje!
Vivemos num mundo onde não podemos fazer o que realmente temos vontade. Não podemos desempenhar atividades onde, por muito talento, não sejam dignas de um certo status. Vivemos presos.

Eu acredito que todos nascemos com um talento. Todos fazemos algo excepcionalmente bem. E, felizmente, nem todos somos bons nas mesmas coisas. A diversidade é uma das características mais subvalorizadas na nossa sociedade. Caminhamos para uma sociedade padrão em pouco tempo, se não fizermos nada para impedir. 
Todas as atividades são dignas, à partida, logo não podemos categorizar com cidadãos de primeira ou segunda consoante o trabalho que realizam. 

A premissa deveria ser, se és feliz com o que fazes, continua a faze-lo. 

Bisou

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