quarta-feira, 17 de junho de 2015

Diário de uma perseguição #1

Desde que me lembro, sempre fui uma daquelas pessoas que achava que a depressão era coisa de pessoas desocupadas e frágeis. Mal informada e até preconceituosa, sempre acreditei que só tinha depressão quem queria e não era forte o bastante para enfrentar os problemas. Até que foi à minha porta que ela bateu. 

A depressão não veio sozinha. Quando à cerca de dois anos descobri que tinha uma outra doença, o meu mundo afundou. Caí num estado de desespero e desconhecimento tão profundo que ela decidiu surgir. 
Não consigo apontar o dia preciso que a senti, até porque no estado que estava era difícil perceber alguma coisa, mas quando ela vem e se instala, sente-se. 
Naqueles meses a minha vida transformou-se. Eu, a forte, a decidida, a divertida, virei uma sombra bem apagada. Volto a dizer, a minha depressão junta-se a outra doença de ansiedade, que juntas, tornaram a minha vida miserável por alguns meses.
Mas tudo melhora. Infelizmente não posso dizer que estou livre de tudo. Não estou. Mas hoje, sou de novo eu. Voltei a ver o mundo a cores. Cada dia é uma batalha para a "matar". E leve o tempo que levar, serei sempre mais teimosa que ela.

Vou falar dos sintomas, que são diferentes em cada um, das más decisões, dos dias horríveis. Vou falar dos dias lindos, do regresso da vontade, dos sorrisos.

Isto é o diário de como persigo a minha depressão em vez de ela me perseguir a mim. 

Um comentário:

  1. Existe ainda uma enorme ignorância relativamente à depressão e a outras doenças mentais (e falo por experiência própria). Fico feliz por estares melhor. Beijinho

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