segunda-feira, 29 de junho de 2015

A hipocrisia do mundo #1

Nós somos uma sociedade de hipócritas. Acusamos, apontamos, humilhamos e depois fazemos igual. Apontamos o dedo quando a situação não nos é favorável, mas se a mesma situação for benéfica para nós, tudo bem. Acontece com toda a agente, em todos os campos da vida.

Hoje vou falar da hipocrisia no que diz respeito ao ser magro vs gordo.
Dados do ano passado apontam que 13% da população mundial é obesa e estão concentrados no ocidente. 
Desde já vamos colocar a questão da seguinte forma, tanto a anorexia como a obesidade são doenças, que podem ser prevenidas. Não são saudáveis, degradam o corpo e a saúde. No geral, são más.

Um dos meios onde isto é mais visível, porque é mais público, é no meio da moda. Houve alguns anos em que a ditadura da magreza imperou. As modelos tinham de ser muito magras, até com um aspecto doente, para poderem desfilar e ser apreciadas. Felizmente isto está a acabar. Na Europa vários países impuseram regras para que modelos demasiado magras não possam desfilar. Isto é bom apenas porque muitas delas estavam, efetivamente, doentes. Porque tinham de ser mais magras, não tinham alimentações saudáveis, virando piada como as modelos a comerem folhas de alface e a sentirem-se satisfeitíssimas. 

Hoje, o paradigma é outro. Cada vez são mais e mais as campanhas de corpos reais, as quais muito aprecio. Mas é aqui que entra de novo a hipocrisia.

Há algum tempo atrás ficou conhecida uma modelo plus size, Tess Holliday, que tem 127 kg e 1,65m. É agenciada, já fez campanhas renomadas e é seguida por milhares no instagram. 

A grande pergunta é, por representar uma parte da sociedade, é ok ter uma modelo obesa a ser aclamada como heroína?






















Vendo as fotos a cima, posso dizer que acho as duas bonitas, porque felizmente fui educada a acreditar que a beleza não tem uma forma molde, que cada um pode ser bonito independente do tamanho ou forma. Mas, a questão que me preocupa não é essa, é a saúde. Porque se é mau proclamar modelos demasiado magras e mondar mentalidades de milhões de jovens em todo o mundo que o ser magro é que é aceitável é muito errado, o contrário também o é. Eu acho que o papel da Tess Holliday é importante, e tem de haver espaço para modelos como ela uma vez que realmente representam alguém, agora o que não concordo de todo é este histerismo e endeusamento em seu torno. 
Ela pode ser linda e feliz, mas é obesa e isso é mau, para além de tudo. 

Quando se fala em mudar paradigmas, definir novos conceitos, temos de ter muito cuidado com o que afirmamos. Há milhares de modelos chamadas de plus size que não são mais do que mulheres reais e saudáveis e isso sim, está incorreto. 
Ficam imagens de Lauren Wells, Fluvia Lacerda e Whitney Thompson, mulheres reais apelidadas de plus size. 



















O que realmente acho? Que olhamos para estas questões mais uma vez em beneficio próprio. É mais fácil heroificar alguém perto do exagero do que olharmos para a cena real e apreciarmos a beleza de mulheres tão próximas a nós e mesmo assim tão distantes. Porque estas "plus size" têm a coragem de amar o seu corpo, mas como a grande maioria não o tem, é melhor glorificar uma modelo obesa, tão mais gorda, que nos faz sentir bem. 

(Volto a afirmar que acho realmente a modelo Tess Holliday bonita, apenas não concordo com os padrões a que ela está referenciada.)

Um comentário:

  1. Onde é que assino? Estou completamente de acordo. Quando começaram a aparecer as, agora chamadas, "modelos de corpos reais" não sabia se havia de rir ou chorar. Passámos de miúdas claramente subnutridas para mulheres com um claro excesso de peso. Eu sou real e não me enquadro em nenhuma das categorias citadas... quando é que vai haver espaço para as pessoas saudáveis?

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