segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Diário de uma perseguição #3

Depois de vários meses sem falar nela. o diário da minha perseguição à depressão voltou. Como podem ler aqui e aqui, já falei quais foram os sintomas físicos que tive. Hoje foi falar de um sintoma não físico. A fobia social.

Já referi que a depressão, no meu caso não veio por si só, foi resultado de uma outra doença que falarei noutro dia. No entanto, a depressão veio com toda a força.

Eu sempre fui uma pessoa muito expressiva. Nunca tive qualquer temor de falar em público, sendo uma das coisas que até gostava de fazer. Sempre expressei as minhas opiniões sem receio ou dúvidas. 
No entanto tudo isto mudou. 

Quando a minha vida foi assaltada por todos estes tumultos deixei de sair, estar com pessoas, falar. 
Durante mais de um mês não saí de casa. Tive de ir para a casa dos meus país, uma vez que o meu namorado não podia estar comigo o dia todo pois trabalhava e na casa dos meus pais havia sempre alguém para me acompanhar. 
Assim, as únicas pessoas que vi durante este mês foram os meus pais, os meus avós, o meu namorado, que todos os fins - de - semana rumava a Aveiro e duas amigas. Mais ninguém.
Mas um mês em casa, além de ser minha opção, deixou-me ainda mais fragilizada.
Um dia decidi sair de casa para ir comprar pão. A padaria fica a cerca de 2 minutos da minha casa. Da varanda podemos ver todo o percurso, e foi o que a minha mãe fez. Ficou a ver-me a ir e vencer os meus medos. Mas nesse dia não venci nada.
Nunca me vou esquecer da tristeza na cara da minha mãe quando me viu correr em lágrimas para casa. Chorei durante horas nesse dia. Acreditava mesmo que a minha vida ia ser aquilo para sempre.

A partir deste dia, como não podia estar sempre trancada em casa, o meu pai começou a levar-me a passear de carro. Andamos horas. Em silêncio. Mas estas viagens traziam-me calma. Eu via a vida a acontecer, além de não estar a participar nela. 
Passei algumas semanas assim, até que, consegui regressar à psicóloga. Durante todo este período afastei-me das consultas. Não consegui falar nem com a psicóloga e eram ou os meus pais ou o meu namorado que se comunicavam com ela. Ela deu-me o meu tempo. E eu finalmente consegui voltar à vida.

Primeiramente com pequenos passos, como ir passear à praia, sendo inverno estava praticamente vazia, passear no campo, passear na rua em horários não tão movimentados.
Sempre acompanhada e com algumas recaídas, mas consegui.

Desde esta altura já viajei centenas de vezes sozinhas, até internacionalmente. Todos os dias saiu à rua sem medos. Foram meses muito complicados, muitas situações que moldaram a minha personalidade, no entanto hoje olho-as com um sentimento de vitória.

Não vou mentir que há dias onde o medo volta. Onde multidões me fazem tremer. Mas vou e vou com tudo. Esta depressão vai aprender o que é ter força.

4 comentários:

  1. Força querida, não desistas!
    R. Por norma só preciso de uns minutos comigo mesma, para a rabuge passar. Mas há dias que o ranger de um papel/plastico, me faz nervos logo pela manhã xD

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  2. Assim é que é! Muita força e espírito positivo!!!
    beijinhos
    http://direitoporlinhastortas-id.blogspot.pt/

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  3. Que bom que melhoraste :)
    Também lidei como ansiedade social, mas não tão grave. Fui ultrapassando, mas no meu caso são determinadas situações que ativam o problema (ter um primeiro encontro, conhecer a família de um namorado, aulas em que é suposto participar na discussão de um tópico,etc), por isso não considero que esteja "curada".

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  4. Muita força e não desistas de batalhar e ser feliz!
    Nós conseguimos tudo, temos é de ser fortes. Sei que custa, mas conseguimos!
    Beijoca**

    Visita: momentomaravilha.blogspot.pt

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