sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Livro da Semana. A Guerra Não Tem Rosto De Mulher, Svetlana Alexievich


Nesta obra-prima, Svetlana Alexievich dá voz a centenas de mulheres que revelam pela primeira vez a perspetiva feminina da Segunda Guerra Mundial. O número de mulheres combatentes no Exército Vermelho chegou quase a um milhão, mas a sua história nunca foi contada. Este livro, marcado pelo estilo pungente de Svetlana Alexievich, apresenta testemunhos de mais de 200 jovens russas que passaram de filhas, mães, irmãs e noivas a atiradoras, condutoras de tanques ou enfermeiras em hospitais de campanha. O seu relato não é uma história de guerra, nem de combate; é uma história de mulheres e homens catapultados «da sua vida simples para a profundeza épica de um enorme acontecimento». Em que pensavam? De que tinham medo? Como foi aprender a matar? É sobre isto que estas mulheres falam, mostrando uma faceta do conflito sobre a qual não se escreve. Descrevem a sujidade e o frio, a fome e a violência sexual, a angústia e a sombra permanente da morte. A Guerra não Tem Rosto de Mulher, a marcante obra de estreia de Svetlana Alexievich, foi originalmente publicada em 1985, depois de quatro anos de pesquisa e entrevistas. Esta edição corresponde ao texto fixado em 2002, quando a autora reescreveu o livro e incluiu novos excertos com uma força que, antes, a censura não lhe tinha permitido mostrar.

"At the age of nineteen I had a medal "For courage". At the age of nineteeen, my hair turned grey. At the age of nineteen in my last battle I was shot through both lungs, the bullet went in between two vertebrae. My legs were paralysed... They thought I was dead... At the age of nineteen... My granddaughter is this age now. I look at her in disbelief. Such a child!"

Nas primeiras páginas há uma revelação, nunca li um livro de guerra relatado por uma mulher. A autora fala da questão e é verdade. Há uma imensidão de obras sobra a guerra mas são dominadas pela visão masculina. Pela virtualidade e virilidade da guerra, a procura da glória e a a forma como os homens a constroem. Não as mulheres, nunca as mulheres.

Mas neste acaso são as mulheres que contam a guerra. E o relato é assustador. 
O testemunho destas mulheres é tão claro e nu que faz-nos ter toda uma nova imagem da guerra, sendo que só por ela já é terrível.

A visão do mundo visto pelas mulheres é diferente que a dos homens, mas a visão da guerra é um novo mundo. Cru, frio e devastador.

Uma leitura mais que recomendada. 

"We've all got used to men talking about war. We've become inured, and this has given rise to a dangerous belief: war is not unnatural. And in the West there is even a theory that men need war. The world has been turned upside down, but women are setting it on its feet again. For women war is a modern form of cannibalism, and they repudiate it with all their being. Women and war are diametrically opposed. And if women reject war, then it's possible that war itself will die."


8 comentários:

  1. Deve ser mesmo interessante.
    Apesar de não me identificar muito com livros de guerra =/

    Beijocas

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  2. Algo me diz que vou adorar este livro (;

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  3. Não conhecia o livro. Mas deve ser fantástico.
    Um beijinho grande*
    Novo blogue! Crazy Cat Lady

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  4. Deve ser um livro muito interessante!! Pela fase histórica que é e pela perspectiva diferente do que é habitual lermos sobre este tema. Não conhecia o livro e deste-me curiosidade de saber mais sobre ele!!

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  5. Não conhecia este livro mas fiquei muito curiosa mesmo!

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  6. Obrigada pela partilha, sempre bom conhecer boas leituras ;)
    Beijinho grande
    elisaumarapariganormal.blogspot.pt

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  7. Uma perspetiva muito interessante da guerra, não duvido que acrescente algo à noção que temos dela!

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