sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O dia mais triste da vida de um filho. (Tirando a morte dos pais, claro)


Tenho a certeza que o dia mais triste da vida de um filho é quando nos apercebemos que os nossos pais são humanos e cometem erros. É claro que isto aparece na vida das pessoas em altura distintas. Para aqueles que, como eu, tiveram a sorte de terem pais para lá de fantásticos, a divinização dos mesmos durante a infância é uma fase que se passamos. Acreditamos que os nossos pais são os mais fortes, os mais inteligentes, os mais carinhosos, os melhores dos melhores. Eles podem tudo, tudo sabem. 


E nós vamos crescendo. E há um dia que vemos os nossos pais falharem em algo muito contrário ao que sempre pensamos. Às vezes, uma única frase chega para quebrar o feitiço. E aí, nesse segundo, passam de imortais a pessoas reais. 
Não quer dizer que sejam más pessoas, são apenas pessoas, que erram, que têm atitudes que não gostamos ou aceitamos. São como nós. E esse, esse é o dia mais triste da vida de um filho. O dia em que o herói morre e nasce a pessoa. 
É triste devido ao sentimento de perda, ao fim da idealizada imortalidade dos nossos heróis. 
Mas quando passa o choque, vemos que isso não é mau. 

Eu sempre idolatrei os meus pais. Acho mesmo, no alto dos meus 26 anos, que não conheço uns pais tão atenciosos e formidáveis como os meus, mas um dia também eu tive o meu dia mais triste. Porquê? Porque cresci. Comecei a pensar de forma diferente alguns assuntos e opiniões e vi que eles não estão sempre certos. Mas o bom de tudo é que a nossa relação ficou melhor depois disso, porque quando sabemos que eles também erram, fica mais fácil assumir os nossos próprios erros. 

Eu nunca deixei de os admirar, simplesmente entendo-os e aceito-os melhor. Quando nos tratamos como iguais tudo fica mais fácil. 



Um comentário:

  1. "Comecei a pensar de forma diferente alguns assuntos e opiniões e vi que eles não estão sempre certos." Identifiquei-me tanto mas tanto!

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